segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Enchentes enchem o Brasil de patriotismo e comodismo coletivo.

Não vou precisar escrever essa semana!!!

 Felizmente um amigo e também estudante de Geografia, o Pietro, me enviou um ótimo texto sobre as enchentes!
 Quem sabe, de um projeto despretencioso, esse blog não pode virar algo maior? Abrir espaço para novos autores com novas idéias pode engrandecer ainda mais a idéia de um blog geográfico!

Texto de Pietro Candido - http://twitter.com/grifomeu

Os noticiários nas últimas semanas só conseguiram falar sobre um assunto: chuvas e suas conseqüências. Tivemos canais 24h monitorando escombros, “Datenas” narrando às emoções da última chuva, jornais contabilizando mortos e os boletins dominicais a procura de heróis, pessoas comuns que sobreviveram as supostas forças devastadoras da natureza.  No meio deste emaranhado de noticias esqueceram a verdadeira discussão: eaew, o que é feito para prevenir estas catástrofes? Quais são as alternativas? E como parar isso tudo? (Nestas questões, também, não é levantado quem é o culpado, pois as mentes midiáticas aparentam seguir o raciocínio de que o culpado não é o pobre, “orapoizs o pobre é pobre e por isso ele não tem culpa de não ter escolha onde morar”, o culpado não é o governo que não fez nada, “orapoizs não queremos entrar nessa discussão política”, ou seja, como resultado o culpado são as forças incontroláveis da mãe-natureza  coitada!).
Identificação, prevenção, alternativas e ação em áreas de risco, seja por escorregamentos ou enchentes, já são conhecidas pela ciência. A ciência que por anos vem desenvolvendo meios de entender, controlar e dominar a natureza se mostrou eficiente e aplicável. Mas a discussão começa a se acirrar quando os conhecimentos científicos passam para a sociedade, ou seja, estamos falando de políticas publicas (na academia há os projetos de extensão que vinculam a universidade à comunidade, mas os investimentos nestes seguimentos são baixos).
As políticas públicas podem ser desde investimentos em obras de infra-estrutura até incentivo em educação. Ou seja, para identificar, prevenir e aplicar alternativas as áreas de riscos é de encargo do governo. Há uma necessidade constante por uma política nacional de prevenção as catástrofes naturais que permanentemente assolam o país por completo.
O Brasil não tem vulcão, não tem terremoto, não tem tornado, não tem tsunami, só tem um regime de chuva natural de uma zona temperada tropical, que causa deslizamento de encostas e enchentes de rios, e mesmo assim o país não consegue se prevenir de suas “catástrofes”. Do mesmo jeito que no Japão se aprende na escola como agir, como construir e como não morrer em terremotos, por que no Brasil não há essa mesma visão de como conviver com as forças naturais?
O governo não leva a sério os conhecimentos científicos em relação a estes fenômenos. Muito pelo contrario, pensando ser algo bom se espalhou sirenes nas áreas de risco para deixar a população mais inconsolável e desesperada. Não adianta colocar sirenes depois que o temporal já passou, ainda mais sobre uma população desinformada de como agir em situações como estas. 
Infelizmente não é dada a devida atenção as realidades brasileiras, a mídia busca no mês de janeiro inteiro somente heróis nacionais para mostrarem como Deus é bondoso com o povo brasileiro, não há uma discussão séria sobre o tema. Agora que já estamos quase chegando nas ultimas águas de março que anunciam o final do verão o tema, novamente, é excluído da pauta de discussões e se fecha mais um álbum de tragédias de janeiro, com vitimas e heróis, para pensarmos que no Brasil há pessoas boas e solidariedades nacional, afinal Copa só daqui quatro anos.

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